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HIDROCEFALIA

     A hidrocefalia é uma patologia de grande importância na Neurologia Veterinária de Pequenos Animais e é caracterizada por um excesso de acúmulo de liquido cefalorraquidiano (LCR) no cérebro e um aumento dos ventrículos cerebrais (veja figura 1).

     É uma doença multifatorial, que pode ser congênita (que ocorre desde o nascimento do animal) ou adquirida (que começa mais tardiamente). Entre as causas congênitas pode-se ter causas hereditárias como más-formações ou enfermidades metabólicas degenerativas, ou ainda infecções virais, exposição a substâncias tóxicas/medicamentos ou afecções intrauterinas, durante a gravidez. Os cães com hidrocefalia congênita costumam apresentar os primeiros sintomas até os seis meses de idade.

      As raças de pequeno porte como os Chihuahua, Pinscher, Pug e Yorkshire são as mais acometidas.

Que características o cão apresenta?

    Uma cabeça grande em forma de cúpula, olhos saltados com estrabismo (figuras 2 e 3), fontanela aberta, parecem ter um porte menor do que os cães da mesma raça e mais debilitados. Os sinais clínicos apresentados normalmente são crises epiléticas, tremores, dor no pescoço, cegueira, inquietude, dificuldade em aprender tarefas básicas de um cão de sua idade, andar compulsivo ou andar em círculos. É importante lembrar que somente uma pequena fontanela (ou moleira) aberta, muito comum nos Chihuahua, não significa que o cão tenha hidrocefalia.

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Figura 1: Aumento dos ventrículos cerebrais na hidrocefalia - fonte

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Figura 2: Características físicas da hidrocefalia (fonte)

TRATAMENTO

      O tratamento clínico consiste em diminuir a produção do LCR, onde a utilização de corticoides e outros medicamentos deve ser recomendada por um neurologista veterinário. Não obtendo sucesso, é recomendado a cirurgia, onde o neurocirurgião vai inserir um shunt ventriculoperitoneal que permite a drenagem do excesso do LCR do cérebro para o abdômen. O prognóstico dos pacientes com hidrocefalia congênita é reservado.

     O tratamento clínico ou cirúrgico pode ser eficaz em alguns pacientes, mas infelizmente em outros, esta doença leva ao óbito.

Para saber mais...

- Site da Universidade Prince Island (Canadá): http://cidd.discoveryspace.ca/disorder/hydrocephalus.html

- Estey CM (2016). Congenital hydrocephalus. Vet Clin North Am Small Anim Pract.,  46(2):217-29 (pdf)

- McGirr A & Cusimano MD (2012)Familial aggregation of idiopathic normal pressure hydrocephalus: Novel familial
case and a family study of the NPH triad in an iNPH patient cohort. Journal of the Neurological Sciences 321: 82–88 (pdf)

DIAGNÓSTICO:

       Para o Neurologista Veterinário fechar um diagnóstico de hidrocefalia é necessário correlacionar as características clinicas com exames de imagem, onde serão avaliados os tamanhos ventriculares. Vários pesquisadores fornecem dados quantitativos para estas medições, verificar o que é dentro da normalidade da raça ou não.

      O exame de imagem de escolha para diagnosticar a doença é a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética.

     Uma opção para regiões que não dispõem destes exames de ponta, é a ecografia transcraniana, onde pode-se pela fontanela aberta visualizar o tamanho dos ventrículos.

REPRODUÇÃO

      Não existem estudos que avaliem o papel da genética sobre a hidrocefalia animal. No entanto, um único artigo demonstra, em seres humanos, que existe influência da genética sobre o problema. Desta forma, sempre que a causa da hidrocefalia não for detectada como sendo alguma causa externa, sugere-se que o casal que originou o filhote com a doença não seja mais reproduzido. Dentre as causas externas mais comuns, incluem-se infecções, uso de medicamentos ou exposição a substâncias tóxicas durante a gestação.

 

Criador: no caso do casal de cães que você reproduziu ser formado por um padreador e/ou uma matriz com excelentes qualidades para a raça, tente encontrar um cão, para formar um novo casal, que tenha o pedigree com informações de saúde disponíveis e confiáveis. Ao reproduzir seu animal que já gerou um filhote com hidrocefalia, com outro que tem toda a linhagem livre do problema, você estará diminuindo a chance da doença na ninhada, e contribuindo para a manutenção da variabilidade genética na raça. 

Colaboração: Belissa Cecim, Médica Veterinária (CRMV/RS 17258), cursando especialização em Neurologia (Quallitas).

Formada em Medicina Veterinária pela Uniritter (Laureate International Universities)

Camila França de Paula Orlando, Médica Veterinária (CRMV/GO 4631). Especialista em Neurologia de Pequenos Animais (Qualittas) Mestre e Doutora em Ciência Animal (UFG). Professora de Clínica e Semiologia da UNICEUG e PUC Goiás.Trabalha com atendimento especializado em neurologia de cães e gatos.

 

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