GENÉTICA CANINA: A ESCOLHA DE UM CÃO
DEMODICIOSE ou SARNA DEMODÉCICA GENERALIZADA
COMO DETECTAR O CRIADOR QUE TRABALHA PARA DIMINUIR O NASCIMENTO DE ANIMAIS QUE APRESENTEM DEMODICIOSE?
O cuidado mínimo...
...que um criador deve ter é o de nunca reproduzir nenhum cão que já tenha o diagnóstico da doença
O criador responsável...
...só reproduz animais que nunca tenham tido nenhum sinal clínico relacionado à demodiciose.
Antes de escolher seu filhote, solicite ao criador laudos veterinários de saúde dermatológica dos pais
Muito cuidado com o criador que...
......não retira da reprodução cães diagnosticados com a doença. Isto provoca o nascimento de muitos filhotes que desenvolvem a doença, e aumenta a prevalência da doença na raça
Você é criador, já trabalha da maneira proposta para a diminuição da doença, mas quer fazer mais?
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Descrição:
Demodex canis é um acaro que está normalmente presente na pele dos animais saudáveis, mas cuja quantidade é controlada pelo sistema imunológico. No entanto, quando há um desequilíbrio imunológico os ácaros podem se multiplicar de forma descontrolada, ocasionando inflamação e quadros de demodiciose, também conhecida como "sarna demodécica" ou "sarna negra", pois provoca a queda dos pelos e modificações importantes da pele.
Dependendo da idade em que o cão é acometido, a Demodiciose pode ser classificada em:
-Demodiciose juvenil (até 18 meses), que ocorre em virtude de um defeito no sistema imune, com causa genética/hereditária. Apresenta graus graus variados de intensidade, de modo que o animal pode apresentar lesões localizadas (em poucos locais do corpo) ou generalizadas. Nestes animais, o tratamento se baseia no uso de acaricidas. Os animais que apresentarem quadros generalizadas, demandando tratamento mais longo, devem obrigatoriamente ser retirados da reprodução (tanto o macho quanto a fêmea).
- Demodicose do adulto (apresentação inicial acima de 18 meses), que ocorre em virtude de imunossupressão ou depressão do sistema imune causada por alguma outra condição, como doença endócrina, neoplásica ou tratamentos como quimioterapia ou corticoterapia. Nestes animais, além do tratamento acaricida, é necessário controlar e eliminar (se possível) a causa subjacente. Visto que nestes animais a princípio não existe nenhuma alteração genética, os mesmos poderiam ser mantidos na reprodução.
Os sinais clínicos de demodicidose generalizada são variáveis tendo seu início mais frequentemente com lesões localizadas que acabam se disseminando. Essas lesões são caracterizadas por zonas alopécicas (com ausência de pelos) com eritema (vermelhidão), pápulas e descamação. Podem ocorrer também pústulas, úlceras, crostas e hiperpigmentação. O prurido é variável e costuma ocorrer somente se houver infecção bacteriana secundária. As áreas mais acometidas são a cabeça, focinho e membros (principalmente os membros anteriores).
Como a demodiciose não acontece somente pela presença do ácaro, mas sim devido ao sistema imunológico comprometido, é muito importante que ocorra a diferenciação entre o tipo localizado e generalizado, assim como entre demodiciose juvenil e do adulto: cães que apresentem a forma juvenil generalizada, seja macho ou fêmea, não devem ser utilizados como reprodutores mesmo após a sua recuperação clínica. A reprodução de fêmeas nestas condições é ainda mais problemática pois além de passar a predisposição genética, a mesma ainda irá transmitir o excesso de ácaros para os filhotes, através do contato próximo que ocorre durante a amamentação.
Diagnóstico:
O diagnóstico é feito através do exame parasitológico de pele e a observação de número elevado de ácaros adultos ou formas imaturas assim como ovos na avaliação microscópica. Este exame pode ser feito por diferentes técnicas, como: raspado cutâneo profundo, impressão por fita adesiva e tricograma. Dentre essas opções, o raspado cutâneo profundo é considerado o padrão ouro.
Em algumas situações, como em animais da raça Shar-Pei ou em quadros de pododemodicidose (acometimento da extremidade dos membros), a biopsia cutânea pode ser necessária para confirmação do diagnóstico.
Outras avaliações, como citologia cutânea, lâmpada de Wood e cultura fúngica podem ser relevantes para o descarte de diagnósticos diferenciais, visto que os sinais clínicos observados na demodiciose não são exclusivos dessa doença. Dentre os principais diagnósticos diferenciais pode-se citar: hipotireoidismo, piodermite, dermatofitose, impetigo, farmacodermia e pênfigo foliáceo.
Para saber mais:
- MUELLER RS et al. Diagnosis and treatment of demodicosis in dogs and cats: clinical consensus guidelines of the World Association for Veterinary Dermatology. Veterinary Dermatology, v.31, n.1, p.5-27, 2020. (pdf)
- HARVEY, Richard; MCKEEVER, Patrick J. Manual Ilustrado de enfermedades de la piel en perro y gato. España: Grass Edicions, 2001. 194-200, 206, 208, 209p
- WILLEMSE, T. Doenças Parasitárias Dermatológicas. Clinica de cães e gatos. Cap 4, ed moenele ltda. 1998 32-33p
Colaborações:
Andria Gomes Sedrez.
Graduanda em Zootecnia pela UFPel
Bolsista de Iniciação Científica do grupo MegaGen-UFRGS
Bolsa Instituto Premier Pet
Mariana Caetano Teixeira, Médica Veterinária (CRMV 8970), Graduada pela ULBRA, com ,
mestrado e doutorado em Ciências Veterinárias (PPGCV-UFRGS), com ênfase em Parasitologia.
Professora de disciplinas de Clínica de Pequenos Animais na UniRitter, Porto Alegre.
Daniela Flores Fernandes, Médica Veterinária (CRMV 10875).
Graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com residência no HCV- UFRGS, mestrado e doutorado em Ciências Veterinárias (PPGCV-UFRGS), com ênfase em Dermatologia Veterinária. Professora de disciplinas de Clínica de Pequenos Animais na UniRitter, Porto Alegre.