GENÉTICA CANINA: A ESCOLHA DE UM CÃO
cuidados e limitações no cálculo do coi
Com relação ao cálculo do coeficiente de consanguinidade (COI) realizado através de registros genealógicos, o advento da internet possibilitou a criação de bancos de dados de pedigrees interligados entre si e, assim, a análise de múltiplas gerações. Muitos destes bancos de dados possuem a ferramenta automática do cálculo do COI, o que pode facilitar muito as escolhas do criador. Assim, boa parte destes sites calculam COI´s para 10 ou 12 gerações, e este valor, quando avaliado de maneira isolada (sem comparar com outros cães), e sem levar em conta o número de gerações, não traz as informações mais úteis para o criador. Quando se utiliza o valor de COI, é de extrema importância saber quantas gerações foram utilizadas para este cálculo, pois um COI de 20% calculado para cinco gerações é considerado alto, mas se o mesmo foi calculado para doze gerações é somente um COI mediano. Isto acontece porque o valor de COI é cumulativo ao longo das gerações, então quanto mais gerações utilizadas para este cálculo, o valor realmente tende a aumentar. No entanto, um COI que atingiu o valor de 20% porque houve muita consanguinidade entre a 4ª e a 8ª gerações anteriores, por exemplo, não é tão “sério” quanto um COI de 20% porque houve muita consanguinidade entre a 1ª e a 3ª gerações anteriores, de maneira que a informação mais importante para o criador é aquela calculada utilizando cinco a sete gerações, que mostra a consanguinidade recente. Claro que em casos onde é possível ampliar o número de gerações, é interessante comparar o quanto este COI aumenta, e traçar um comparativo de valores para 5, 6, 7... 12 gerações. Não existem estudos em pequenos animais determinando qual é o valor máximo aceitável. No entanto, como tudo relacionado à consanguinidade de animais de criação vem sendo replicado em pequenos animais também, é interessante buscar este valor máximo na produção animal. Nestes grupos (bovinos, suínos, ovinos, etc...) já se detectou que os efeitos deletérios da consanguinidade começam a ser detectados de maneira mais pronunciada a partir do valor de 11%, calculado para no mínimo cinco gerações (preferencialmente mais), de maneira que é interessante trabalhar com este valor de segurança também na cinofilia.
Obviamente que este valor de COI calculado a partir de registros genealógicos tem uma limitação bastante importante, que é a fidedignidade do registro genealógico (sugere-se a leitura de texto sobre este assunto aqui). Caso qualquer animal do pedigree não seja efetivamente o ancestral, mas tenha entrado neste pedigree por engano ou por fraude, ou ainda caso exista a falta de informação de algum animal, o valor de COI não irá corresponder à realidade.
Uma última questão sobre este valor é que o mesmo não pode ser comparado com valores determinados a partir de exames genéticos, divulgados em alguns sites internacionais: estes valores em geral são mais altos do que a maioria dos valores calculados através de registro genealógicos, pois não são somente uma estimativa, mas sim a avaliação do DNA mostrando em quantos genes os animais daquela raça são homozigotos.
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o que são e para que servem cruzamentos consanguíneos
tipos de cruzamentos consanguíneos: inbreeding e linebreeding
coeficiente de consanguinidade – COI
- relação entre COI x prepotência
- relação entre COI x inbreeding e linebreeding
cuidados e limitações no cálculo do COI
desvantagens da consanguinidade