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A ALOPÉCIA POR DILUIÇÃO DA COR - ADC

        A alopecia por diluição da cor (ADC), também chamada de alopecia de cor mutante, é uma doença dermatológica genética e pouco comum. Ocorre em animais com pelagem diluída, ou seja, de tons azulados/acinzentados ou acastanhados/bege, causando a perda destes pelos. Considerada rara, acomete cães de diferentes raças que apresentem padrão de pelagem diluída como o Dobermann, Pinscher, Dachshund, Yorkshire, Schnauzer, Weimaraner, Bulldog Francês, entre outras. A frequência em que a doença ocorre é variável, podendo chegar a cerca de 90% em cães Dobermann de pelagem azulada. A causa da queda dos pelos de cor diluída ainda não é totalmente conhecida, mas acredita-se que o problema esteja relacionado com o transporte do pigmento da pele e do pelo: a melanina.

            A coloração dos cães é determinada pela deposição de eumelanina (cor preta e castanho) ou feomelanina (amarelo e vermelho) e diferentes genes estão envolvidos na determinação do aspecto da pelagem do animal. O loco de diluição (chamado de loco D) é responsável por afetar a intensidade da cor, ou seja, dilui o preto em cinza/azul e o marrom em tons acastanhados/bege. Isto ocorre por alteração no padrão de depósito do pigmento (melanina), que nos pelos diluídos se encontra agrupado de forma irregular. Como já mencionado, a causa da ADC ainda é desconhecida, porém, como o loco D atua na diluição da cor dos pelos, é esperado que desempenhe papel importante no desenvolvimento da doença. Os animais acometidos apresentam grandes acúmulos de pigmento ao longo da haste do pelo aparentemente por falha no transporte da melanina ao longo das camadas da pele. Estes aglomerados de melanina deixam o pelo mais frágil e mais propenso à quebra, dessa forma o cão perde os pelos que tem coloração diluída, mas não apresenta alteração no restante da pelagem. No entanto, outros fatores ainda não identificados devem estar envolvidos, pois nem todos animais com pelagem diluída irão apresentar ADC. Sendo assim, é importante ressaltar que nem todos animais com pelagem de cor diluída irão apresentar a doença, e que esta relação é diferente entre raças, sendo o Dobermann a raça mais afetada, por motivos ainda desconhecidos.  

            Inicialmente, se observa a pelagem diluída opaca, fraca e quebradiça. A perda dos pelos alterados começa no animal ainda filhote, a maioria entre seis meses e um ano e meio de idade. O problema costuma iniciar na região das costas, avançando depois para o restante do corpo. A velocidade com que a doença progride é variável, podendo ser acelerada se o cão for muito escovado, mas de forma geral se observa que após dois ou três anos o animal se encontra quase que totalmente sem os pelos diluídos. Por ficar desprotegida, a pele pode apresentar contaminações por bactérias e até mesmo neoplasia pela exposição excessiva ao sol.

           Para diagnosticar a ADC o veterinário combina informações do histórico, sinais do paciente e exames complementares, como avaliação dos pelos e biopsia de pele. A observação que somente os pelos de coloração diluída apresentaram problema é bastante sugestiva, porém é preciso descartar outras causas de sinais semelhantes, como doenças parasitárias ou endócrinas.

            Não existe um tratamento específico para a alopecia por diluição da cor e os cuidados são direcionados em manter a pele saudável e hidratada. Para isso, o veterinário pode prescrever xampus e hidratantes, além do uso de filtro solar. Para evitar o avanço da perda dos pelos diluídos é importante escovar o cão de maneira delicada. A melatonina é uma medicação que pode estimular o crescimento dos pelos, porém os resultados são variáveis e cerca de metade dos cães não apresenta melhora.

            A doença causa uma alteração estética importante, mas não afeta a qualidade de vida do animal ou a sua saúde de forma significativa. No entanto, o cão com ADC pode precisar de mais cuidados com a pele para evitar os problemas secundários mencionados acima.

       

CRIADOR!

Como a doença é de origem genética, os cães acometidos não devem ser utilizados para a reprodução.

 

Além disto, especialmente em raças nas quais o problema é mais comum, é sugerido que cães com coloração diluída não sejam produzidos.

 

Como a diluição da cor é uma característica recessiva, filhotes com cor diluída podem nascer de casais com pelagem sólida, caso ambos sejam portadores da mutação denominada “d”, ou seja, caso estes cães sejam “Dd”.

 

Diversos laboratórios oferecem exames genéticos para detectar cães portadores do alelo de diluição, de maneira que o criador possa controlar cruzamentos, não reproduzindo um casal Dd x Dd (veja nossa ilustração abaixo).

Como uma alternativa, algumas associações sugerem que este padrão de coloração seja excluído da raça, como é o caso do padrão CBKC do Dobermann, que não aceita cães de coloração azul ou isabela, mas somente pretos ou marrons.

ADC_dobermann.jpg

Quatro colorações no Dobermann, da esquerda para a direita: isabela (diluído do marrom), marrom, azul (diluído do preto) e preto. Somente marrom e preto são cores aceitas no padrão CBKC. (fonte original desconhecida)

cores recessivas.png

Legenda para resultado do exame de DNA

homozigoto preto.png

Normal para o gene "D" (DD)

(o animal não tem a diluição de cor, nem é portador da mutação. Também denominado 'clear')

heterozigoto.png

Portador para o gene "D" (Dd)

(o animal não tem a diluição de cor, mas é portador da mutação.Também denominado 'carrier')

homozigoto cinza.png

Afetado para o gene "D" (dd)

(o animal tem a cor diluída. Também denominado "affected")

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A raça que você cria agradece!

Colaboração: Daniela Flores Fernandes, Médica Veterinária (CRMV 10875).

Graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com residência no HCV- UFRGS, e   mestrado Ciências Veterinárias (PPGCV-UFRGS), com ênfase em Dermatologia Veterinária, no qual é aluna de Doutorado. Professora de disciplinas de Clínica de Pequenos Animais na Uniritter, Porto Alegre. 

Para saber mais:

- Mecklenburg L (2006). An overview on congenital alopecia in domestic animals. Veterinary Dermatology, Oxford, v. 17, n. 6, 393-410

- Miller DH e cols (2013). Muller and Kirk’s small animal dermatology. 7th ed. Missouri: Elsevier, 938p.

 

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